A Bíblia de Michelangelo - Parte II


"Só acredito num deus que saiba dançar!"

Friedrich Nietzsch


Ao entrarmos na capela a primeira imagem que se apresenta é o quadro da "criação da Luz". Nessa apreciação é fácil sentir como se uma janela se abrisse para o infinito, onde o tempo perde o poder de senhor, e converte-se em anfitrião que abre suas mãos e revela o que antes nossos olhos não podiam conhecer. O que vemos nessa janela é um Deus dançarino, em sua túnica rosa, cortando o céu em espiral nesse belo escorço [1] de Michelangelo. Sua dança separa luz da escuridão, sem qualificar, sem desprezo por uma ou admiração por outra, Ele apenas as organiza como um cenário atrás de si. Ele segue seus movimentos e cada gesto é irrepetível, cada movimento único, sem ensaio, em um improviso de genialidade extrema.


Embora apaixonado pela cultura grega, Michelangelo pinta um Deus incompatível com o conceito grego de apatia divina, onde Deus não pode ser tomado por algo que lhe seja externo. Aqui, Deus parece tomado pela música da criação e se lança no infinito de uma dança que diz que o próximo passo já esta nascendo.

[1] Representação em desenho ou pintura, de qualquer objeto ou figura humana, a partir da aplicação das leis da perspectiva. O objetivo dessa técnica é produzir a impressão de tridimensionalidade na figura representada. O termo deriva do verbo italiano scorciare que significa "tornar mais curto", "encurtar". Retirado do site http://www.itaucultural.org.br

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